Moradores da Região dos Lagos perceberam um aumento nos casos de dengue no mês de maio. Crianças, adultos e adolescentes têm sido alvo do mosquito que, em 2024, segundo o Ministério da Saúde, causou a morte de 12 pessoas nas sete cidades. Embora inferiores aos do ano ado e com menor letalidade, os números indicam crescimento no último mês
Somando as sete cidades da Região dos Lagos — Araruama, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Iguaba Grande, Saquarema e São Pedro da Aldeia — foram registrados 151 casos em maio. Em comparação com 2024, houve redução de quase 71%. No entanto, em relação a abril, os municípios registraram aumento de 64%, ando de 92 para 151.
Nos meses anteriores, os registros mantinham média de 90 casos, exceto em fevereiro, que somou 161.
O aumento, embora menos expressivo que em 2024, foi sentido por moradores. Em Cabo Frio, uma mãe, que preferiu não se identificar, relatou momentos difíceis com o filho de seis anos. Ela conta que a criança, geralmente agitada, chegou a apresentar febre de 39 °C. “Como se já não fosse ruim ver meu filho naquela situação, a médica demorou a dar o diagnóstico correto, nos deixando completamente no escuro, com o risco de piora caso fosse dado o remédio errado. Graças a Deus o pior não aconteceu, mas foi assustador”, disse.
Ela relatou que, poucos dias após o diagnóstico do filho, um agente comunitário da prefeitura esteve em sua residência e nas casas vizinhas para aplicar remédio e verificar possíveis focos do mosquito. “Isso me tranquilizou um pouco, afinal, não quero mais ver meu filho — nem ninguém da família — desse jeito”, afirmou.
Segundo o Ministério da Saúde, em maio, foram registrados 16 casos de dengue em Cabo Frio, cinco a mais que em abril e seis a mais que em março — sem contar possíveis subnotificações. Em 2025, entre os sete municípios da região, Cabo Frio foi o único com óbito pela doença.
No entanto, a Prefeitura da cidade contesta a relação entre o aumento estadual de casos e a situação local. Em nota, informou que, entre abril e maio, houve uma redução nos registros de dengue no município. Segundo a Secretaria de Saúde, foram confirmados 11 casos em abril e 7 em maio, totalizando 18 ocorrências no período.
O município reforça que as ações de combate ao Aedes aegypti seguem de forma contínua, com equipes de Agentes de Combate a Endemias atuando diariamente nos bairros para identificar e eliminar focos do mosquito, orientar moradores e aplicar larvicida quando necessário.
Em Arraial do Cabo, ao contrário, houve redução nos últimos meses. Conforme a Prefeitura, após aumento entre março e abril, com oito e nove ocorrências respectivamente, maio registrou apenas duas.
Saquarema, por sua vez, contabilizou 40 casos em maio, número considerado alto em comparação com os municípios vizinhos.
Para tentar reduzir os números, segundo a Prefeitura, “equipes especializadas de Agentes de Combate às Endemias têm realizado vistorias regulares em residências, terrenos baldios e locais públicos para identificar e eliminar possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue, aplicando as medidas corretivas permitidas conforme diretrizes do Ministério da Saúde”.
O município informou ainda que “campanhas educativas, palestras em escolas e distribuição de materiais informativos vêm sendo intensificadas para conscientizar a comunidade sobre a importância da prevenção e do combate ao mosquito transmissor”.
Outra cidade com aumento significativo foi São Pedro da Aldeia. De acordo com o Ministério da Saúde, em abril foram 20 registros, subindo para 48 em maio — crescimento de 140%.
Araruama, por outro lado, celebra redução dos casos em 2025. Enquanto em 2024 a cidade era uma das com maior número de registros, entre janeiro e maio deste ano, foram contabilizados apenas 15: 14 de dengue e um de Chikungunya, segundo a prefeitura.
Para alcançar essa redução, a istração informou que “agentes de endemias vêm realizando ações de bloqueio em endereços notificados e visitas técnicas para promover a segurança da população”.
Em Iguaba Grande, o aumento entre abril e maio também foi expressivo: de três para 38 casos. Em junho, até o momento, já foram contabilizados 16 registros.
Por fim, Búzios apresentou queda entre abril e maio, com redução de 13 para seis. Em junho, até o momento, foi registrado apenas um caso da doença.
Baixa adesão à vacina
Um dos fatores que pode ter contribuído para o aumento no número de casos de dengue registrados nos últimos meses está diretamente ligado à baixa adesão à vacina na Baixada Litorânea.
Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) mostram que apenas 6% do público-alvo de 10 a 14 anos recebeu a primeira dose do imunizante na região, enquanto a segunda dose foi aplicada em apenas 1,81% desse grupo.
Dos 25.653 imunizantes enviados aos municípios da Baixada Litorânea, somente 4.793 foram aplicados. Desses, 4.332 doses foram destinadas a crianças e adolescentes da faixa etária prioritária — com 3.328 aplicações da primeira dose e 1.004 da segunda.
A vacina contra a dengue foi incorporada ao calendário de vacinação de forma emergencial diante do avanço da doença no país, mas enfrenta resistência e baixa procura, principalmente entre o público infantojuvenil. A SES-RJ alerta para a importância da imunização completa, especialmente neste grupo, como forma de conter a disseminação do vírus e reduzir a gravidade dos casos.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de os nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).